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Os verdadeiros pais do rock

24-03-2009 22:39

      Caso o rock não seja realmente o filho pródigo do Diabo, ele tem inúmeros pais e diferentes datas de nascimento. A única certeza é sobre o seu local de concepção, gestação e parto: o sul dos Estados Unidos da América.

    Uma das versões para o nascimento do rock diz que ele surgiu oficialmente com “(We’re Gonna) Rock Around the Clock”, gravada por Bill Halley & His Comets, em 1954, e escrita por compositores veteranos do Tin Pan Alley, distrito de Nova Iorque que reunia os escritórios dos compositores e editores de música e entretenimento. A canção, que somente se tornaria um sucesso no ano seguinte, ao se transformar na canção-tema do filme “Sementes da Violência” (Blackboard Jungle, dirigido por Richard Brooks, 1955), era um autêntico rock'n'roll feito para brancos.

Bill Halley & His Comets

    Mas três anos antes da gravação de “(We’re Gonna) Rock Around the Clock”, o Dominoes, o mais famoso grupo negro dos Estados Unidos na época, lançou “Sixty Minute Man”. Segundo o escritor e historiador Nick Tosches, este foi o primeiro disco realmente de rock'n'roll a entrar nas paradas de sucesso. Na verdade, desde os anos 40, a música popular negra norte-americana já se aproximava do rock'n'roll. Outro disco de autêntico rock lançado por um grupo negro em 1951, portanto três anos antes do rock branco de Bill Halley, foi “Rocket 88”, pela banda de Ike Turner. Mas tanto para o Dominoes quanto para Ike Turner, e tantos outros negros que já faziam rock’n’roll nos Estados Unidos, a cor da pele era um obstáculo para serem reconhecidos e conquistarem o mercado dominado por uma cultura branca e preconceituosa.

    No entanto, tudo começaria a mudar em 5 de Julho de 1954. Para muitos, esta é a verdadeira data do nascimento do rock. Nesse dia, Elvis Presley a sua primeira gravação profissional. Nos estúdios da Sun Records, em Memphis (EUA), o produtor Sam Phillips ouviu na voz do jovem cantor branco de 19 anos, algo finalmente diferente. Duas semanas depois sairia o primeiro disco do futuro rei do rock com as canções “That’s All Right” e “Blue Moon of Kentucky”. Elvis conseguia aproximar as culturas negras e brancas, com a sua voz, o seu rebolado, o seu estilo e as suas influências do blues, do country e do Gospel.

    Assim, o rock nasceu verdadeiramente nalgum momento entre 1951 e 1954. Mas até chegar lá, houve um longo processo de gestação que começou na virada do século 19 para o 20, com os primeiros acordes do jazz de Nova Orleans e do blues do Delta do Mississipi. Nick Tosches mostra que o termo rock’n’roll começou a ser empregado na década de 20 em alguns blues com uma conotação claramente sexual, como na gravação do Southern Quartet para “My Man Rocks Me (With One Steady Roll)” – algo como “O Meu Homem Balança Comigo(Com um Ritmo Forte). Nas décadas seguintes o uso do termo como metáfora sexual ou como um ritmo sensual espalhou-se e tornou-se popular entre os negros norte-americanos e comum nas canções de blues, jazz e jump-blues. Paralelamente, a música country começou também a caminhar em direcção ao rock’n’roll. No começo dos anos 50, todos esses géneros, por diferentes caminhos, já se tinham entrelaçado e constituído um novo e poderoso estilo na música popular. O nome rock’n’roll, apesar de já ser conhecido entre os negros, apenas se tornaria popular a partir do programa nocturno de rádio “Moondog Rock and Roll Party”, do radialista Alan Freed, transmitido a partir de 1952, primeiro de Cleveland e depois de Nova Iorque.

    Quando Freed transmitiu o seu primeiro programa, os Estados Unidos, e depois os países sob a influência deste, eram terreno fértil para o novo ritmo. Além de dançante e sensual, o rock era rebelde o suficiente para agradar a uma nova classe de consumidores que emergia com a expansão económica americana: os adolescentes. Os ganhos tecnológicos e económicos logo após o fim da Segunda Guerra Mundial provocaram uma euforia consumista, que contagiou os adolescentes e os colocou na condição de consumidores de entretenimento, moda e artes.

    Um pouco mais à frente, eles seriam também produtores nessas áreas. A adolescência constituiu-se então como um fenómeno cultural, identificada com a contestação dos valores dominantes, com o questionamento das autoridades dos pais e das instituições (família, escola, religião, etc.) e com a busca da liberdade em todos os campos, no amor, no sexo, na linguagem, no trabalho. O rock era perfeito como trilha sonora para a adolescência. Ele era profano, sensual, rebelde e provocativo o bastante para expressar todas as aspirações da juventude.

Fonte: www.hsw.uol.com.br